Recentemente, minha orientanda Evellyn Vitória Souto Neves defendeu com excelência seu trabalho de conclusão de curso em psicologia, abordando o tema: “A Representação do Corpo Gordo no Cinema: um Olhar Narrativo”. Refletindo sobre o corpo ideal e combatendo a gordofobia, Evellyn destacou o papel do cinema e das mídias sociais nesse processo. Dada a relevância do tema para a psicologia, não poderia deixar de homenageá-la nesta coluna.
Em um mundo onde a mídia exerce influência significativa sobre as percepções de beleza e padrões corporais, o cinema e as mídias sociais desempenham papéis cruciais na formação de ideias em torno do corpo ideal e na luta contra a gordofobia. Essas plataformas têm o poder tanto de reforçar estereótipos prejudiciais quanto de desafiar normas estabelecidas, oferecendo oportunidades para uma reflexão mais profunda e inclusiva sobre a diversidade corporal.
Historicamente, o cinema tem refletido os valores e normas sociais de seu tempo, apresentando, ao longo de décadas, uma visão predominantemente estereotipada e limitada dos corpos na tela, onde os padrões de magreza são exaltados como o ideal de beleza aspiracional. Filmes e produções cinematográficas frequentemente retratam personagens principais encaixados em um molde estreito de aparência física, marginalizando assim uma vasta gama de experiências corporais que existem na realidade.
No entanto, o cinema também tem o poder de desafiar esses estereótipos. Filmes recentes começaram a explorar narrativas que questionam as normas de beleza convencionais e promovem uma maior aceitação da diversidade corporal. O surgimento de cineastas e roteiristas que dão destaque a personagens com diferentes tipos de corpo representa um o positivo em direção a uma representação mais inclusiva e autêntica.

As mídias sociais, por sua vez, emergiram como um terreno fértil para debates sobre a representação do corpo e a gordofobia. Plataformas como Instagram, TikTok e Twitter permitem que indivíduos compartilhem suas histórias, desafiem narrativas prejudiciais e celebrem a diversidade corporal de maneiras antes impossíveis. Influenciadores e ativistas digitais utilizam essas plataformas para promover uma cultura de aceitação e empoderamento, incentivando os usuários a abraçarem seus corpos e desafiarem os padrões estabelecidos pela mídia tradicional.
No entanto, as mídias sociais também apresentam desafios significativos. A proliferação de imagens retocadas e filtros de beleza pode distorcer a percepção da realidade e perpetuar ideais inatingíveis de perfeição física. Além disso, o anonimato e a falta de moderação em certos espaços facilitam a disseminação de discursos de ódio e gordofobia, prejudicando a autoestima e o bem- estar de muitos indivíduos.
Apesar dos desafios, tanto o cinema quanto as mídias sociais oferecem oportunidades significativas para a educação e conscientização sobre questões relacionadas ao corpo e à gordofobia. A representação diversificada no cinema pode promover empatia e compreensão, enquanto as mídias sociais permitem que vozes antes silenciadas sejam ouvidas e respeitadas. Por meio de campanhas educativas, colaborações com influenciadores e políticas de inclusão, essas plataformas têm o potencial de transformar as normas culturais e promover uma sociedade mais justa e inclusiva para todas as formas e tamanhos corporais.
Portanto, o uso do cinema e das mídias sociais para refletir sobre o corpo ideal e combater a gordofobia representa uma poderosa ferramenta de mudança cultural. Ao desafiar estereótipos e celebrar a diversidade, essas plataformas não apenas influenciam as percepções individuais, mas também moldam normas sociais mais amplas.
Logo, é fundamental que cineastas, criadores de conteúdo e usuários das mídias sociais continuem promovendo uma representação inclusiva e positiva do corpo, construindo um futuro onde todos os biotipos sejam valorizados e respeitados. Para isso ocorrer de forma natural, pessoas como Evellin desempenham papel crucial como agentes conscientização nesse processo.