SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um juiz federal dos Estados Unidos decidiu nesta quarta-feira (11) que o governo de Donald Trump não pode usar os interesses de política externa como justificativa para manter detido Mahmoud Khalil, ex-aluno da Universidade Columbia que participou de protestos contra Israel e a guerra na Faixa de Gaza.
A decisão, no entanto, não resultará em sua libertação imediata. O juiz Michael Farbiarz, da Corte Distrital de Newark, em Nova Jersey, determinou que a ordem só entrará em vigor na próxima sexta-feira (13), às 9h30 no horário local (10h30 em Brasília), para que o governo Trump tenha tempo hábil de recorrer.
Khalil, 30, está preso desde 8 de março e teve o green card revogado pelo Departamento de Estado com base em uma cláusula pouco utilizada da lei de imigração dos EUA. Essa norma permite ao secretário de Estado pedir a deportação de qualquer estrangeiro cuja permanência no país seja considerada contrária aos interesses da política externa de Washington.
Segundo o juiz Farbiarz, o governo está violando o direito de liberdade de expressão de Khalil ao aplicar a regra para justificá-lo como ameaça diplomática. “A carreira e a reputação do requerente estão sendo prejudicadas. A sua liberdade de expressão está sendo restringida”, escreveu ele. “Isso resulta em danos irreparáveis.”
Na decisão, o juiz também proibiu o governo de deportar Khalil com base na justificativa de ameaça à política externa.
Procurados pela agência de notícias Reuters, o Departamento de Estado e o Departamento de Justiça não tinham se manifestado até a noite desta quarta. Os advogados de Khalil também não se pronunciaram.
Khalil foi preso por agentes de imigração na residência estudantil onde morava, em Nova York, e enviado no mesmo dia para um centro de detenção no estado da Louisiana, a milhares de quilômetros de distância da cidade onde mora e de seus advogados e esposa.
Trump prometeu deportar ativistas pró-palestinos que participaram de protestos em campi universitários americanos contra a guerra de Israel em Gaza. Segundo o republicano, muitos dos manifestantes são antissemitas e apoiam grupos terroristas.
Manifestantes pró-Palestina dizem que suas críticas às ações israelenses em Gaza são erroneamente confundidas com antissemitismo. Numa carta divulgada em março, Khalil diz ser um prisioneiro político e afirma que sua detenção é um indicativo de “racismo antipalestino”.