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Economia

Dólar ronda a estabilidade e Bolsa sobe após MP que aumenta impostos e acordo entre EUA e China

Texto da MP foi publicado no Diário Oficial por volta das 21h desta quarta-feira (11) e chega ao Congresso sob fortes críticas de parlamentares e do setor empresarial

Redação Jornal de Brasília

12/06/2025 13h10

Foto: Vanderlei Almeida/AFP

FOLHAPRESS

O dólar rondava a estabilidade e a Bolsa registrava alta nesta quinta-feira (12), com os investidores avaliando a MP (Medida Provisória) enviada pelo governo ao Congresso para aumentar impostos e o acordo comercial entre EUA e China, além das tensões no Oriente Médio.

O texto da MP foi publicado no Diário Oficial por volta das 21h desta quarta-feira (11) e chega ao Congresso sob fortes críticas de parlamentares e do setor empresarial e com partidos da base aliada abertamente contrários -posição externada antes mesmo da medida provisória ser editada.

A tensão escalou após o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmar em evento com empresários na manhã desta quarta que as medidas apresentadas pelo governo devem ter “reação muito ruim” no Congresso. Ele também afirmou não servir a projeto político de ninguém.

Em meio ao anúncio da MP, a moeda norte-americana caía 0,02%, a R$ 5,536, às 11h37, a caminho de renovar a mínima cotação do ano pelo segundo dia seguido e em sintonia com a queda do dólar no exterior.

O índice DXY, que mede a força da divisa dos EUA frente a uma cesta de seis moedas, caía 0,88%, a 97,76, uma vez que os investidores melhoravam suas perspectivas para cortes na taxa de juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano) após a inflação ao produtor e ao consumidor virem abaixo do esperado, e diminuíam sua exposição a ativos americanos em meio ao alívio na disputa comercial com a China.

Já a Bolsa subia 0,25%, a 137.482 pontos, no mesmo horário, em meio à fraqueza de commodities como petróleo e minério de ferro no exterior, que reverberava nas blue chips Petrobras e Vale.

Na véspera, a moeda norte-americana caiu 0,55% e encerrou o dia cotada a R$ 5,538, renovando o menor patamar de fechamento do ano. Já a Bolsa avançou 0,50%, a 137.128 pontos.

Começando pela ponta doméstica, existe cautela do mercado quanto à MP editada pelo governo para compensar os recuos no decreto do IOF.

“Parece que eles lançam uma nova medida sem que ela tenha sido previamente negociada a fundo, não só com o Congresso, mas também com a sociedade civil e diversos setores muito impactados, como o imobiliário e o do agronegócio”, disse Paulo Henrique Duarte, economista da Valor Investimentos.

A expectativa do governo é buscar apoio e liberar emendas parlamentares até a data de votação da MP, enquanto negocia com o Congresso. A medida entra em vigor imediatamente, mas grande parte de seus efeitos am a valer em 2026, e o texto precisa ser referendado pelos parlamentares.

Na perspectiva de Duarte, apesar das críticas, a proposta deve ser aprovada devido à dinâmica política em Brasília, onde o Executivo vai garantir a liberação de emendas parlamentares para pressionar o Congresso a aceitar o aumento da carga tributária.

“A medida deve acabar ando. Teremos novamente um aumento da carga tributária, de forma descoordenada e sem prévio cálculo dos impactos.”

Já no cenário internacional, o dólar continuava sendo pressionado pela cautela em relação ao acordo comercial firmado entre as duas maiores economias do mundo na noite de terça-feira para retomar uma trégua tarifária acordada no mês ado.

A ligação telefônica entre Trump e o líder chinês Xi Jinping na última quinta-feira foi o primeiro o para resolver o ime comercial. Nesta semana, negociadores dos dois países se reuniram por dois dias em Londres para novas conversas que, segundo Washington, deram peso ao acordo de Genebra para aliviar as tarifas retaliatórias bilaterais.

Autoridades de ambos os países concordaram em manter as bases do consenso de Genebra, anunciado em 12 de maio.

De acordo com Trump, o acordo prevê a redução das tarifas de produtos chineses para os EUA para 55%, enquanto os produtos norte-americanos terão cobrança de 10% para entrar no país asiático.

O vice-ministro do Comércio da China, Li Chenggang, e o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, disseram que os dois países concordaram com uma estrutura de acordo para resolver imbróglios sobre o controle de exportações dos EUA e o domínio chinês sobre as terras raras, materiais essenciais para fabricar uma série de tecnologias avançadas.

Li Chenggang afirmou que o entendimento aumenta a confiança na relação entre as duas partes. Já Lutnick disse que as negociações visaram o equilíbrio.

“A China sempre manteve sua palavra e apresentou resultados”, afirmou Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. “Agora que se chegou a um consenso, os dois lados devem cumpri-lo.”

O mercado também segue repercutindo os números de inflação medida pelo I (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que vieram abaixo do esperado.

O avanço foi de 0,1%, depois de alta de 0,2% em abril. No acumulado de 12 meses, o índice avançou 2,4%, ante 2,3% da leitura anterior. Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,2% na base mensal e de 2,5% na anual.

O governo dos EUA informou mais cedo que a inflação ao produtor também registrou resultado abaixo do esperado, com ganho de 0,1% em maio em relação ao mês anterior, ante expectativa de avanço de 0,2%.

Os dados sinalizam que as tarifas do presidente Donald Trump não estão atingindo os preços ao consumidor e ao produtor tão rapidamente quanto se antecipava, e fomenta as apostas de cortes de juros pelo Fed, provocando a queda dos rendimentos dos Treasuries e pressionando a divisa norte-americana.

“Ou seja, a inflação está controlada, de fato, nos Estados Unidos, o que leva a crer de que haverá corte ou pode haver corte talvez já na próxima quarta”, disse Alison Correia, analista de investimentos e co-fundador da Dom Investimentos.

Operadores estão precificando 100% de chance de duas reduções de juros neste ano, com o primeiro corte possivelmente em setembro. Antes dos dados, a probabilidade de uma segunda redução era alta, mas não estava totalmente precificada.

Por outro lado, na cena internacional, o aumento das tensões no Oriente Médio gerava aversão a ativos mais arriscados, com ações recuando no mundo todo.
Os principais índices de Wall Street abriram em baixa nesta quinta-feira. O Dow Jones Industrial Average caía 0,30% na abertura, para 42.737,36 pontos. O S&P 500 recuava 0,20%, a 6.009,9 pontos, enquanto o Nasdaq Composite tinha queda de 0,19%, para 19.578,874 pontos.

Os EUA estão preparando uma retirada parcial de funcionários de sua embaixada no Iraque e permitirão que familiares de militares deixem locais no Oriente Médio devido ao aumento dos riscos de segurança na região, disseram fontes norte-americanas e iraquianas na quarta-feira.

“É uma movimentação esquisita dos Estados Unidos. Começaram a retirar americanos do Iraque. Há boatos de que algum tipo de ataque poderia acontecer nos próximos dias na região. Ninguém sabe onde, ninguém sabe por que, ninguém sabe como. Mas apenas isso foi o suficiente para estressar, por exemplo, o petróleo”, afirmou Correia, da Dom Investimentos.

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