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Economia

Dólar fecha em leve alta em meio a cautela com pacote fiscal do governo; Bolsa sobe com Petrobras

Sem notícias de impacto vindas do exterior, onde investidores aguardavam novidades sobre as negociações comerciais entre Estados Unidos e China, o mercado de câmbio brasileiro se voltou para a agenda doméstica

Redação Jornal de Brasília

10/06/2025 18h27

Foto: banco de imagens

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O dólar fechou com uma alta leve de 0,13%, a R$ 5,569, nesta terça-feira (10), interrompendo a sequência de três quedas consecutivas, quando renovou o menor valor de fechamento do ano, de R$ 5,561. Em 2025, porém, a divisa dos EUA acumula queda de 9,87%.

Já a Bolsa encerrou com valorização de 0,54%, a 136.436 pontos, com a Petrobras entre os destaques positivos. Na mínima do pregão, o índice chegou aos 135.716 pontos, na máxima, bateu os 137.369 pontos.

Investidores seguiram cautelosos com o pacote fiscal do governo Lula, que pode abrir espaço para mudanças nos aumentos de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) anunciados no fim de maio. A sessão foi marcada ainda por dados sobre a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

Sem notícias de impacto vindas do exterior, onde investidores aguardavam novidades sobre as negociações comerciais entre Estados Unidos e China, o mercado de câmbio brasileiro se voltou para a agenda doméstica.

A divisa dos EUA abriu estável nas primeiras negociações do dia, mas ou a cair depois que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a inflação no Brasil desacelerou mais do que o esperado em maio. Na mínima do dia, às 11h18, chegou a recuar 0,41%, a R$ 5,538.

O IPCA subiu 0,26% em maio, após um avanço de 0,43% em abril, ando a acumular em 12 meses alta de 5,32%, contra 5,53% antes.

O novo resultado surpreendeu analistas ao ficar abaixo da mediana das projeções do mercado financeiro, que era de 0,32%, conforme a agência Bloomberg. O intervalo das estimativas ia de 0,26% a 0,43%

O alívio ante abril foi influenciado pela perda de força dos preços de parte dos alimentos e pela queda da agem aérea e dos combustíveis, incluindo a gasolina.

O resultado para a inflação de maio é o último relatório de inflação antes dos membros do BC (Banco Central) voltarem a se reunir na próxima semana, nos dias 17 e 18 de junho, para a decisão sobre a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 14,75% ao ano.

“O mercado reagiu bem aos dados do IPCA mais fracos, o que pode antecipar cortes na taxa básica de juros, algo que não estava, e ainda não está, no radar dos investidores para 2025”, afirmou Anderson Silva, head da mesa de renda variável e sócio da GT Capital.

Operadores estão mais inclinados a uma pausa no aperto monetário, com 76% das apostas no mercado futuro de juros nessa direção, enquanto 24% preveem uma alta de 0,25 ponto percentual.

Boletim Focus divulgado nesta segunda, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que a expectativa para a inflação, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), é de 5,44% ao fim desde ano. Para 2026, a projeção para a alta dos preços no país foi mantida em 4,5% -o centro da meta perseguida pelo BC é de 3%.

“Caso os próximos dados mostrem um comportamento mais benigno, especialmente em relação à atividade econômica e ao mercado de trabalho, é possível que o ciclo de alta de juros tenha chegado ao fim”, disse Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

Durante a tarde, porém, o mercado de câmbio apresentou uma piora e o dólar ou a subir. Às 15h56, a moeda avançou 0,28%, atingindo a cotação máxima do dia, de R$ 5,576, em meio à cautela dos investidores sobre o pacote fiscal do governo Lula, que pode abrir espaço para mudanças nos aumentos de IOF anunciados no fim de maio.

“Não ficou exatamente claro o que o ministro Haddad está disposto a negociar e como cada um dos segmentos vai ser impactado”, disse Paloma Lopes economista da Valor Investimentos.

Um anúncio inicial das medidas foi feito pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda), no domingo. Desde então, o mercado esteve à espera de uma apresentação detalhada das propostas do governo para substituir aumentos nas alíquotas do IOF.

Nesta terça, Haddad fez alguns comentários sobre as medidas, mas não se aprofundou.

Ele chegou a confirmar que governo vai propor alíquota de 17,5% de IR sobre rendimentos de aplicações financeiros. Com isso, ganhos de operações como as de renda fixa e ações serão impactados.

Além disso, serão taxados em 5% instrumentos que atualmente têm isenção, como LCI (Letras de Crédito Imobiliário), LCA (Letras de Crédito do Agronegócio), CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários), CRA (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) e debêntures incentivadas.

O ministro disse ainda ver como demonstração de prudência a fala do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), de que o Congresso Nacional não se comprometeu a aprovar as medidas de compensação ao aumento do IOF.

No dia seguinte ao anúncio das medidas, Motta disse não garantir que o Congresso aprovará o pacote de compensação ao aumento do IOF e se queixou da falta de discussões estruturais no encontro com Haddad.

As declarações foram dadas por Haddad depois de reunião com o presidente Lula no Palácio da Alvorada, após viagem oficial do chefe do Executivo à França.

Já no mercado de ações, a alta da Bolsa teve como e o avanço das ações da Petrobras

A PETR3, ações ordinárias, com direito a voto em assembleias, fechou com alta 3,64%, a R$ 32,38, enquanto a PETR4, ações preferenciais, com preferência por dividendos, se valorizou 3,01%, a R$ 30,05 após fecharem com quedas de 0,57% e 1,04% na véspera.

A valorização foi endossada na maior parte do dia pela alta dos preços do petróleo no exterior. Os contratos futuros do petróleo Brent, referência mundial caíram 0,3%, a US$ 66,87 por barril, enquanto o petróleo WTI (West Texas Intermediate dos EUA), referência nos EUA caiu 0,5%, a US$ 64,98. A desvalorização dos barris não foi suficiente para conter o avanço dos papeis da Petrobras.

No exterior, os mercados globais seguiram à espera de notícias sobre o segundo dia de encontro entre autoridades dos Estados Unidos e da China, em Londres, para tentar neutralizar a disputa comercial entre os países.

Os representantes chegaram à Lancaster House, por volta das das 10h30 da terça-feira, com o secretário de comércio dos EUA, Howard Lutnick, dizendo que as discussões se estenderiam até o final do dia. Eles já haviam se reunido nesta segunda, mas ambos os encontros não tiveram resultado claro.

“Tenho que voltar a Washington para testemunhar perante o Congresso amanhã”, disse ele aos repórteres”, disse nesta terça o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent.

“Tivemos dois dias de conversas produtivas. As negociações estão em andamento. Meus colegas, o secretário Lutnick e o embaixador Greer, continuarão, conforme necessário, com a delegação chinesa”,

A expectativa é de que as potências retomem o caminho de um acordo preliminar firmado em maio em Genebra, que ajudou a reduzir a temperatura entre Washington e Pequim.

A retomada das negociações comerciais entre as duas maiores potenciais mundiais tem contribuído para acalmar as preocupações dos mercados com a economia norte-americana.

Na última quinta-feira, Trump e o líder chinês Xi Jinping se telefonaram, no que foi o primeiro contato formal entre os dois desde que o republicano assumiu a Casa Branca.

Até então, a última conversa havia ocorrido em janeiro, antes da posse.

O telefonema partiu de Trump, segundo a agência estatal chinesa Xinhua. A repórteres no Salão Oval, o presidente afirmou que as discussões comerciais continuam em andamento e estão em boa forma, acrescentando que espera ir à China em algum momento em que Xi Jinping também visite os EUA.

Agora os investidores aguardam novidades sobre as negociações dos EUA com parceiros a fim de projetar qual será o panorama das tarifas de Trump daqui para frente.

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