A estreia de Carlo Ancelotti no comando da Seleção Brasileira serviu para mostrar o que muita gente já sabe — mas finge que não sabe. Nas redes sociais, o discurso é de desprezo: “ninguém liga mais pra Seleção”, “esse time morreu pra mim”, “só vejo jogo de clube”. Mas basta uma faísca de novidade, um fio de esperança, uma estreia de técnico estrangeiro badalado… e pronto: recorde de audiência na televisão brasileira.
O empate entre Equador e Brasil, na última quinta-feira (5), rendeu à Globo a maior audiência do ano em 2025 até agora. Segundo dados prévios do Kantar Ibope, o jogo marcou 29 pontos de média e chegou a picos de 30 na Grande São Paulo, superando inclusive novelas como Vale Tudo, o BBB e torneios de clubes. No Nacional de Televisão (PNT), que mede a audiência nas 15 principais regiões metropolitanas do país, o número subiu para 30 pontos de média.
O feito supera o antigo recorde da emissora neste ano, que também era de um jogo da Seleção — a derrota por 4 a 1 para a Argentina em março, que havia marcado 27 pontos. Ou seja: mesmo em má fase, com futebol burocrático e elenco criticado, a Seleção ainda mobiliza. E se tiver novidade no ar, mobiliza muito.
Mas é bom lembrar: o maior pico de audiência do ano na TV brasileira ainda é da Record, que alcançou 32 pontos com a final do Campeonato Paulista entre Corinthians e Palmeiras, em março. Ainda assim, a Globo cresceu 26% em relação à média das últimas quatro quintas-feiras no mesmo horário, em que registrava 23 pontos.
No fim das contas, a audiência da estreia de Ancelotti comprova que o futebol da Seleção Brasileira é como o Big Brother Brasil: todo mundo diz que não vê, que cansou, que não aguenta mais — mas quando o jogo começa, é difícil resistir. Também é como a novela da Globo: ironizada, criticada, dada como ultraada… mas continua sendo um dos produtos mais poderosos da TV aberta.
Se Ancelotti acertar o pé e o time começar a jogar bem, ninguém mais segura. A Seleção volta ao lugar que conhece bem: o topo da audiência.