O que a ESPN fez nesta semana não é apenas um movimento interno. É um gesto simbólico — e preocupante — de como parte da mídia brasileira está cada vez mais refém dos interesses da CBF. Após um Linha de e que abordou as graves denúncias da revista piauí contra Ednaldo Rodrigues, seis jornalistas foram afastados: Dimas Coppede, Gian Oddi, Paulo Calçade, Pedro Ivo Almeida, Victor Birner e William Tavares.
A decisão escancara o grau de submissão de empresas que dependem de acordos, concessões e favores da Confederação para operar com “o privilegiado”. A ESPN, que já se vendeu como reduto de análise crítica e independência editorial, hoje parece mais preocupada em não desagradar a cartolagem do que em proteger seus próprios profissionais.
Estamos falando de uma entidade, a CBF, acusada de usar dinheiro público e recursos do futebol nacional para construir um império político interno. E estamos falando de uma emissora que, em vez de aprofundar o debate, puniu quem se atreveu a tocar no assunto.
Não se trata apenas de um ataque ao jornalismo esportivo. É um tapa na cara da liberdade de expressão. Quando jornalistas são afastados por criticarem um dirigente, a mensagem é clara: o silêncio vale mais do que a verdade. A conveniência vale mais do que a coragem.
Se a imprensa continuar cedendo, não será apenas o futebol que estará em jogo. Será a própria credibilidade do jornalismo.