É com essa realidade que começa a era de Carlo Michelangelo Ancelotti, 65 anos, na Seleção Brasileira. A primeira convocação oficial do técnico italiano será divulgada nesta segunda-feira, dia 26, e marca o início de um novo ciclo — que ainda não parece novo o suficiente. Parte da lista de nomes, que já circulou em toda a mídia, revela uma mistura de apostas incertas, veteranos em declínio e jovens que ainda não provaram nada em alto nível. O comando mudou. Mas o elenco continua limitado.
O debute oficial será no próximo dia 5 de junho, contra o Equador, em Guayaquil, pelas Eliminatórias da Copa. Depois, o Brasil encara o Paraguai, dia 10, na Neo Química Arena. Dois jogos que poderiam animar o torcedor, mas que hoje servem mais como teste de sobrevivência do que como vitrine de potência.
Ancelotti ainda não foi apresentado — seu último jogo pelo Real Madrid foi no sábado, contra a Real Sociedad —, mas já teve que lidar com a realidade: não há craques sobrando. Há, sim, uma dependência de Vinícius Júnior, uma esperança incerta sobre Neymar e um mar de nomes medianos tentando ganhar espaço.
Na pré-lista estão nomes como Dodô (Fiorentina), Igor Paixão (Feyenoord), Evanílson (Bournemouth), Andrey (Strasbourg), além de veteranos como Casemiro e Oscar. Seis jogadores do Flamengo aparecem como possíveis convocados — um número exagerado, que reacende o debate sobre a influência política nos bastidores da Seleção.
Ancelotti, pelo que sabiamos, não descartava Endrick, mas o menino está lesionado e dificilmente entrará na lista. Curiosa é a ausência de Estevão. O que restou da comissão técnica de CBF parece sonolenta e desatenta. Isso mostra o quanto o técnico, por mais vitorioso que seja, ainda está distante do cotidiano do futebol brasileiro. Vai precisar de tempo, de sintonia e, sobretudo, de um projeto claro — algo que a CBF historicamente não oferece.
A Seleção que já foi símbolo de respeito virou terreno de promessas e incertezas. Faltam nomes com peso. Faltam jogadores que decidam. Alan Patrick é bom no Inter, mas não mete medo na Argentina. João Pedro e Evanílson jogam a Premier League, mas ninguém sabe o que podem entregar de verdade com a camisa da Seleção.
Ancelotti tem currículo, comando e prestígio. Mas não faz milagre. E talvez esteja descobrindo isso agora.
É cedo para julgamentos definitivos. Mas é tarde para ilusões.
