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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

Preocupação de Lula deve começar pelo DF

“A esquerda precisa eleger maioria no Senado no ano que vem, senão esses caras vão avacalhar o Supremo Tribunal Federal”, disse textualmente o presidente

Eduardo Brito

03/06/2025 18h23

Photo by MAURO PIMENTEL / AFP

Externando uma preocupação conhecida sua, o presidente Lula aproveitou uma reunião do PT para avisar que é necessário à esquerda priorizar candidatos com chances de vitória ao Senado em 2026, mais até do que aos governos estaduais.

“A esquerda precisa eleger maioria no Senado no ano que vem, senão esses caras vão avacalhar o Supremo Tribunal Federal”, disse textualmente o presidente.

A lógica de Lula é clara. Primeiro, o Senado precisa aprovar todos os indicados para o Supremo. Segundo, os senadores detêm poder para determinar o impeachment de ministros. Aliás, já existe uma pilha de pedidos de impeachment na presidência do Senado, principalmente dirigidos ao ministro Alexandre de Moraes. Vem daí o alarme de Lula.

E a preocupação deve começar pelo Distrito Federal, onde a oposição já detém duas das três cadeiras. Uma delas é de Damares Alves, ex-ministra do governo Bolsonaro, que ainda detém mandato até 2030. Izalci Lucas terá sua cadeira renovada e prefere disputar o Buriti. Apenas Leila Barros, do PDT, fecha com o governo, mas sua reeleição é considerada improvável.

Chance maior da oposição

Existe uma unanimidade nas pesquisas sobre o favoritismo oposicionista nas eleições para o Senado pelo Distrito Federal.

Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília
Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

Uma das cadeiras deve ir para o governador Ibaneis Rocha, que foi reeleito com grande vantagem e já no primeiro turno, o que ocorreu apenas uma vez no Distrito Federal.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O primeiro lugar nas pesquisas, porém, cai invariavelmente nas mãos de Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama.

bia kicis
Pablo Valadares / Câmara dos Deputados

Seu domicílio eleitoral, ao menos por enquanto, é Ceilândia. Michelle ainda não anunciou sua candidatura, mas existe a expectativa de que, sendo ou não candidata, puxe votos para a ultra bolsonarista deputada Bia Kicis.

O PT e as esquerdas sabem muito bem disso, tanto que se dispõem a sacrificar a única cadeira certa que têm na Câmara pelo DF, a da deputada Érika Kokay, na tentativa de obter uma dessas vagas.

Desafio regional

Na verdade, esse desafio se estende pelas regiões vizinhas. São consideradas muito escassas as possibilidades de que as esquerdas elejam senadores nos estados do Centro-Oeste. Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul parecem fora do alcance.

Na região Norte, a força da família Barbalho, que conta inclusive com um ministro, pode dar uma ou duas vagas do Pará a aliados do governo. Nos demais estados, porém, as chances são pequenas.

o senador eduardo braga durante coletiva a imprensa
Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

No Amazonas, uma ou duas cadeiras são dadas como certas para a oposição, havendo apenas alguma possibilidade de sobrevivência do sempre adesista Eduardo Braga.

Mas se a tendência da eleição ada se repetir, Braga está fora. Nos demais estados, nem o mais otimista do Planalto imagina vitória da esquerda.

Foto: Roque de Sá/Agência Senado

No máximo, pode-se ter uns dois ou três representantes do Centrão que possam ser cooptados. Esse mesmo quadro vale para a região Sul, onde até mesmo o sempre campeão de votos Paulo Paim fala em se aposentar. Mesmo em São Paulo é improvável vitória da esquerda.

Aposta no Nordeste

Como na eleição presidencial ada, a aposta maior dos petistas será feita no Nordeste e, em parte, no Sudeste.

Foto: banco de imagens

Dá como certas uma ou duas cadeiras no Espírito Santo e, talvez, uma no Rio de Janeiro, embora Flávio Bolsonaro concorra a uma reeleição que parece fácil.

Em Minas Gerais o quadro ainda é muito complexo. No Nordeste é que os acordos estão mais avançados, pois é lá que Lula começa o jogo de abrir mão de governos estaduais, caso possa obter em troca cadeiras de senador.

Conta com quadros positivos no Ceará, Piauí e mesmo na Bahia, caso as ciumeiras entre os próprios petistas não atrapalhem o jogo.

joão azevedo
Reprodução

Dá como certas também a eleição de dois ou três governadores vinculados à esquerda, como João Azevêdo na Paraíba.

Mas não consegue esquecer que, na eleição ada, cinco cadeiras dadas como certas caíram nas mãos do centrão ou de bolsonaristas de carteirinha.

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